Enquanto termino e aperfeiçoo o protesto judicial de ressalva de direitos da Cassi, que antes de ser ajuizado já está fazendo o BB reiniciar as negociações, aguardando que os colegas se mexam e aumente as adesões, os primeiros cem serão pioneiros e verdadeiros heróis, vou meter minha colher neste papo sobre a Amazônia, já brilhantemente abordado, como sempre, pelo mestre Aristophanes.
Eu estive lá na Amazônia. Vou contar o que vi. Vou relatar minha experiência.
Isso foi quando fui diretor do Badesul, banco de desenvolvimento do RS. Em 1977. Tinha menos de quarenta anos. Bolamos um projeto de troca de minifúndios rurais no RS por áreas de quinhentos hectares ou mais na Amazônia, metade para ser mantida como reserva florestal.
A ideia do Governo na época era atrair agricultores gaúchos para povoar a mata amazônica e evitar o que se temia a ocupação dela por estrangeiros interessados na Madeira e no sub solo.
Assim dito, estive lá visitando as áreas, por terra na trans amazônica no Pará e por ar num avião que no dia seguinte de meu voo teve um acidente fatal e o piloto e tripulantes morreram.
Foi uma experiência fantástica. Havia risco de pegar malária. O único remédio eu me recusei a tomar. A farmacêutica me informou que tinha grande risco...de ficar broxa. O interior da floresta era assustador, não tinha solo firme, só um colchao de folhas depositados a milhões de anos. Árvores enormes, algumas cujos troncos nem cinquenta homens de mãos dadas conseguiam circundar. Cobras, giboias, onças, macacos, araras, mosquitos, aranhas, formigas gigantescas, e índios selvagens, na época.
Visitei o Rio Iriri, um dos locais escolhidos para o assentamento pioneiro. Tinha havido matança de três colonos. Morte atribuída aos índios. Depois se descobriu que foram criminosos a mandado de missões religiosas estrangeiras.
Um grupo inglês queria participar do projeto. Fui a Londres conversar e investigar. Um grupo da Fao me deu cobertura. Senão teria sido morto, quando eles descobriram que eu daria parecer contrário. Queriam se apropriar só da Madeira e do sub solo riquíssimo em metais preciosos, como o nióbio.. Algumas plantas tinham enorme potencial na área da saúde. E queriam ter informações do Radam, que mapeava a região amazônica.
Assisti queimadas, sim. Era para abrir espaço para pastagens a fim de introduzir gado. Na época nada assustador, mas já preocupante.
O lema do governo, então, era integrar para não entregar. Senti que havia um sentimento sincero de nacionalismo e patriotismo.
Foi uma notável experiência em minha vida que aqui compartilho. Alguns não vão gostar porque sai um pouco dos nossos assuntos. Mas lá senti a forte e corajosa presença do Banco do Brasil em todos os principais recantos. Em Altamira, Santarém, Belém, Manaus, e em postos avançados da transamazonica. Um banco privado faria isso ? Senti orgulho do meu banco e colegas bancários. Minha homenagem na data em que se comemora o dia do bancário.
Voltei de lá mais brasileiro que nunca e convencido da importância da Amazônia para a vida do planeta terra.
Desculpem, mas meninos eu vi.