MILAGRES ACONTECEM

O pessoal gosta de me provocar e desafiar.
Perguntam-me se eu acredito mesmo em milagres já que falo neles.
Acredito sim.
Perguntam-me se já vi um milagre acontecer.
Já. Vários.
Algum relacionado com o Banco do Brasil ?
Sim, mais de um.
Então conta para saber se é verdade ou não.
Gente de pouca fé. Não acreditam em milagres, nem na minha bola de cristal, nem nas minhas informações otimistas.
Vou contar um caso que me deixou muito impressionaddo.
Aconteceu anos atrás, quando eu estava na ativa, era advogado do BB em Uruguaiana e Itaqui. A sede era em Uruguaiana. Tinha que viajar para Itaqui quando necessário, ao menos uma vez por mes.
Numa dessas viagens o chefe da CREAI me apresentou um caso desesperador.
O agricultor, sr. Silva, perdera a lavoura com uma enchente, perdera tudo, estava devendo ao Banco e a toda a praça, como se dizia. Desnorteado, vendera um trator do qual era ´fiel depositário. Era caso de prisão.
Falei com o homem. Estava mesmo desesperado. Um pessimismo terrível. Contou-me que vendera o trator porque era o único bem negociável e sua família estava passando fome.
Mas sr. Silva o trator não era seu, o senhor não podia fazer isso. E´caso de cadeia, falou o chefe da CREAI.
Então vou para a prisão, vou me matar. Não sei mais o que fazer. Tenho mulher e quatro filhos pequenos para alimentar e cuidar. Não existe mais o que fazer.
O chefe da Creai mostrou o memorando da Direção Gerral determinando as providencias jurídicas cabíveis. Se não fosse remido o bem, requerer a prisão como medida exemplar.
Fiquei com muita pena do homem. Não era criminoso. Na esfera do Direito Penal não comete crime quem age por estado de necessidade.
Pedi calma para ele. Ia estudar uma fórmula salvadora. Uma medida que não fosse tão drástica.
Ele, pessimista, não via solução nenhuma. Eu otimista, alimentava esperanças.
Falei para ele que ia dar um prazo de trinta dias e ia estudar uma solução. Talvez acontecesse um milagre.
Não acredito em milagres, me respondeu.
Passaram-se trinta dias, mais um pouco, quarenta e cinco dias. Voltei a Itaqui com algumas idéias, preocupado com o sr. Silva.
O chefe da Creai passou-me os casos pendentes. Não figurava o do sr. Silva. O que aconteceu ?
Pagou o débito. Solucionou a pendência.
Mas como ? O doutor não soube ? Não.
Pois é, um milagre.
Um dia um dos seus filhos, nove anos de idade, foi com unstrocados comprar pão. Teve um palpite. Passou numa casa lotérica e jogou na loteria esportiva. Como era menor colocou o nome de seu pai no volante. Quando chegou em casa sem o pão levou umas palmadas.
Deu sorte. Acertou os treze jogos e ganhou uma bolada que deu para quitar o banco e sobrou ainda alguma coisa para regulaizar sua vida. Pagou o que devia na praça e foi para São Borja recomeçar sua vida. Olhe aqui no dossiê ele deixou um bilhete para o doutor.
Estava escrito:  Obrigado por sua compreensão, doutor Medeiros. O senhor tinha razão. Milagres acontecem.