O blog está bombando de novo, os seguidores aumentando rumo aos quinhentos, e os assuntos chegam aos borbotões provocando o aumento do número de comentários para mais de oitenta.
Tenho várias questões para abordar enfileiradas e não sei para qual dou prioridade. |Sei que algumas vão gerar debates e polêmicas. Por exemplo: o adiantamento do BET, que vou analisar em seguida, o teto dos benefícios, o aumento do índice das pensionistas, a redução do percentual da reserva de contingência, a utilização pelo BB do fundo de paridade, etc., etc.
Não importa. Acho que a divergência é válida e a contrariedade de opiniões não significa necessariamente que as pessoas se transformem em inimigas. Também sou daqueles que convivo bem com críticas, que, quando construtivas e bem fundamentadas, servem para a gente corrigir rumos e mudar posicionamentos.
Uma das afirmativas surgidas em decorrência da reunião acontecida na Previ que merece reflexão foi a do diretor Marcel Barros, que declarou que o menor benefício pago pela Previ anda na faixa dos mil reais e o maior na faixa de trinta e nove mil. ( R$ 1.000,00 x R$ 39.000,00 ).
É uma enorme discrepância. Quando saí do conselho fiscal da Previ, em 2006, o maior benefício andava em cerca de R$ 18.000,00. O ex diretor Sasseron em 2011 afirmava que o maior benefício não ultrapassava R$ 24.000,00.
Alguns comentários demonstram incredulidade com o fato de colegas ganharem tão pouco.
Como dirigente de associação de aposentados e pensionistas sou testemunha de vários casos de miserabilidade e ajudo pessoalmente sempre que posso.
A história do João, ex-contínuo do BB, foi uma das que me comoveu.
O João vinha na AFABB RS nos finais da tarde pedir dinheiro emprestado (?) para a condução, a fim de voltar para sua casa, que ficava nos arrabaldes de Porto Alegre. Houve quem achasse que era para beber um trago de cachaça. Não era.

O João ganhava muito pouco e dividia seu exíguo benefício com o pagamento de uma pensão para a primeira esposa. O que sobrava dava para ele viver com a mulher e o filho por cerca de vinte dias. A partir daí ele não tinha mais dinheiro para nada. Esgotara todas as fontes de empréstimo e ingressava num estado de miserabilidade absoluta.
Ele vinha, então, todas as tardes até a agência Centro de Porto Alegre, onde serviam de graça, às 16,30 horas, um café com leite com pão com manteiga, num carrinho que percorria as diversas dependências, se alimentava e se abastecia de dois pães, pegava o dinheiro emprestado na AFABB RS, para o transporte e voltava para casa. Sem isso, ele não poderia sobreviver. Tinha vergonha de contar sua situação até que num momento de desespero consegui comprovar seu estado e passei a ajuda-lo pessoalmente na sobrevivência.
Constatar a existência da miséria é sempre doloroso. Verificar que existem miseráveis em nosso meio ao lado de marajás - desculpem usar a expressão de Collor - é bastante chocante. Mas existem. São distorções que enfeiam o nosso plano e o nosso cenário.
Para eles qualquer melhoria ou qualquer recurso extra cai como um bálsamo em suas vidas e renova as esperanças numa vida mais digna. Daí o desespero pelo ES.
Entre 8 e 80; ente 1.000 e 39.000; entre a miséria e a fortuna.
Sim, colegas, tem miseráveis nos quadros da Previ e do BB. Infelizmente.
Os miseráveis não são tema só de literatura, de desfile de escola de samba do Joãozinho Trinta, de filme, indicado para oito Oscar, que está atualmente fazendo sucesso nos cinemas. A história do João comprova. Sempre que pudermos vamos pensar neles e ajudá-los a superar suas dificuldades.
A soliderariedade nossa, comprovada há pouco tempo numa corrente gerada na internet, é a melhor arma contra a ganância e a arrogância.