A NOSSA (?) PREVI

terça-feira, 24 de agosto de 2021

Devem ler as considerações do mestre Aristophanes no final de seu comentário na minha última postagem quando fala sobre o Empréstimo simples da Previ. Merece atenção.


Também comentou sobre o término dos blogs reivindicatórios e analíticos dos aposentados e pensionistas. Só restou o blog azul do Medeiros, disse ele.

Pois é. Sucumbiram na medida que a Previ passou a não admitir críticas mais pesadas e entrar com ações judiciais de reparação e indenização. Não quiseram incomodarão. Saíram do ar.  Sou teimoso, não desisto nunca, não gosto de bater em retirada. Mas estou envelhecendo e ficando cansado. Sinto me também abandonado e sem o apoio necessário para seguir na luta.

Lamento esse retraimento, comodismo e omissão dos colegas, porque nunca , nunca mesmo, foi tão indispensável estar vigilante, pois querem agredir nossos direitos adquiridos com tanto sacrifício.

A diretoria da Previ não está nem um pouco preocupada com a situação nossa, que somos os donos da Previ. Como tem sido dito reiteradamente ela se preocupa exclusivamente em pagar nossos benefícios em dia, que é a missão atual de nosso fundo de pensão. 

A fórmula adotada para calcular os encargos do ES é extremamente prejudicial aos associados. No mês de maio deste ano, o resultado com os empréstimos simples e imobiliários era um dos mais rentáveis da Previ. Rentabilidade de 45% segundo Mário Tavares, que analisou os dados publicados. 

Uma gordura inconcebível perante a situação aflitiva da maioria dos usuários. Por isso que o pagamento das prestações não consegue amortizar a dívida.

Por sua vez nossas entidades não estão pressionando devidamente. Nem todos são devedores, alegam. Somente uma parcela. Quem não deve tem preguiça ou constrangimento de pedir . Incrível, mas é assim que funciona.

Nossos colegas sequer se animam a escrever para a Previ reclamando. Ou telefonar. Ou questionar pessoalmente os diretores em reuniões presenciais ou virtuais.

Se queremos melhorias temos que mudar de atitude.

Antes que seja tarde demais.

60 ANOS DA LEGALIDADE

domingo, 22 de agosto de 2021

Atualmente a legalidade voltou a ser questionada. Se discute, por exemplo, se as forças armadas são ou não são um poder moderador constitucional. Se discute sobre o impeachment de um ministro do STF. Se discute sobre os limites e harmonia dos poderes constituídos.


Como andei levando um susto com uma fortíssima gripe alérgica, cujos efeitos ainda me incomodam, o teste COVID deu negativo, e fruto da minha idade provecta de 83 anos, ando nostálgico, me desculpem, e tenho por isso recordado o passado, que me parece aconteceu ontem.

Há sessenta anos atrás o país e o RS viviam o episodio da legalidade, movimento deflagrado pelo então governador Leonel Brizola para assegurar a posse de Jango na presidência, após a renúncia do Jânio.

Acontece que eu vivi intensamente esse momento . Estava em Porto Alegre cursando o último ano da Faculdade de Direito e trabalhando no cadastro do BB. Morava numa pensão próxima da praça da matriz onde se situa o palácio Piratini. Junto com outros colegas de Faculdade eu apoiava o movimento pela legalidade. Já havia me inscrito no chamado Mara Borrão, um edifício icônico localizado na Borges e declarado ser portador de um revólver Taurus 38.

O rádio era um instrumento poderoso na época e havia sido formada a rede da legalidade. Escutei que o Palácio Piratini, sede do governo do estado, onde nos porões o Brizola irradiava, estava prestes a ser bombardeado.

Incontinente, peguei meu revólver, eu tinha 23 anos, e fui para o Palácio. Lá me encontrei com outros colegas da Faculdade e com o presidente de nosso centro acadêmico. Ficamos juntos numa ala do palácio.
O Brizola, de metralhadora portátil, nos viu e veio falar conosco. Que bom que estão aqui. Vocês do Direito é que entendem de legalidade. Eu sou um simples engenheiro. E se foi, fumando sem parar.

De tempos em tempos corria a notícia que os aviões da Fáb haviam decolado de Canoas e vinham bombardear o palácio. Procurávamos nos proteger e nos preparar para a luta. Não havia pânico. Apenas tensão.

O ataque aéreo terminou não acontecendo. Depois ficamos sabendo que os sargentos da base aérea de Canoas haviam furado os pneus dos aviões e escondido as bombas.

De madrugada o comandante do terceiro exército comunicou sua adesão ao movimento, que restou vitorioso.

Quando recordo minha pessoa armada só de um revólver defendendo o palácio de um ataque aéreo, desculpem, mas me encho de brio e de uma coragem que são um esteio para minha sobrevivência nesses dias sombrios da pandemia e dos desacertos institucionais que o país vive.

E é aí que minhas esperanças se renovam.

ECONOMIA BRASILEIRA A DERIVA

terça-feira, 17 de agosto de 2021

A inflação cada vez mais alta. Estive com a Ana numa churrascaria neste domingo. Há três meses o espeto corrido era de 79 por pessoa. Agora é de 119. Aumento considerável. Enchi meu tanque de gasolina do HB 20. Antes era duzentos,agora trezentos. Fiz teste para COVID na panvel, custou 116. Assim por diante. Me assustei. Uma faxina na casa da praia, trezentos reais. Agora estou indo na minha massagista. Ela já me avisou que tem aumento em setembro. Meu Deus ...


As causas já foram ventiladas. Crise hídrica, apagões, descontrole fiscal, gastos excessivos do governo, etc. o presidente do Bacen declarou semana passada que não adianta subir os juros com um desequilíbrio fiscal. O recado foi direto para o Guedes, indireto para o presidente.

Os empresários por sua vez culpam também a instabilidade política, as bravatas, os bate bocas institucionais, olha que te prendo, etc.

Quadro triste e ruim. A bolsa é termômetro, está caindo, abaixo dos 120 mil pontos, muito desânimo no mercado.

E a variante delta nos deixa amedrontados. Falam em mais uma dose da vacina. Eu tive uma rinite alérgica forte ao reabrir a casa na praia. Passei mal. No terceiro dia, como manda o protocolo, fui fazer o teste e deu negativo, graças a Deus.

Agradeço do fundo do coração às pessoas que me cumprimentaram e reconheceram-meu trabalho como advogado, na última postagem. O meu pai, também advogado do BB, era um sábio. Sempre me alertava que a gente devia trabalhar sem esperar agradecimentos, que, caso viessem, sempre seriam escassos, culpada a natureza humana. Nosso mérito deveria ser reconhecido por nossa consciência e lá em cima pelo patrão velho. Tinha razão.

Mas vamos que vamos !

SESSENTA ANOS DE ADVOCACIA

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Ontem foi o dia do advogado, onze de agosto, antigo dia do pendura, tradição que não existe mais.


Eu sou da turma de 1961 da Faculdade de Direito da UFRGS. Portanto este ano fiz sessenta anos de advocacia.  Em 2011 festejamos os cinquenta anos de formados. Mas este ano não vamos comemorar pois dos cem que éramos em 1961 só sobreviveram quinze. Sentimos a falta dos colegas falecidos e vamos evitar a choradeira e a nostalgia.

Ontem celebrei o dia do advogado com um almoço com as duas advogadas que trabalham sob minha supervisão, uma com trinta e a outra com quarenta anos, portanto no auge da mocidade. Eu com meus oitenta e três anos no auge da maturidade. Velhice ? Nunca. 

Estive meditando sobre o tempo que passou tão rápido.sobre se valeu a pena o trabalho, que, incrivelmente, perdura até hoje, fazendo de mim um dos advogados mais antigos atuando profissionalmente no RS.

Tenho muitas histórias, algumas dramáticas, outras hilárias, tenho muitas vitórias, algumas derrotas, como faz parte da vida, mas sempre tive muita satisfação em atuar na profissão que escolhi, que , pela ética e zelo, foi reconhecida pela OAB RS, que me concedeu a condecoração da comenda Oswaldo Vergara, a mais alta honraria concedida a advogados.

Não me sinto à vontade falando de mim, mas as vezes é bom desabafar, pois o reconhecimento sempre vem tarde demais, geralmente depois que a gente parte para a eternidade.

Gostaria só de ressaltar meu trabalho a favor dos aposentados e pensionistas do BB.  Em 1997 participei ativamente do movimento de defesa contra a engenharia financeira que sangrou a Previ a favor do BB. Fiz o protesto judicial que foi de caráter nacional que evitou que o BB terminasse com nosso plano de benefício definido e migrasse para o de contribuição definida, a exemplo do que aconteceu na CEF na mesma época, que era projeto do então consultor jurídico do banco, hoje o Ministro João Octávio Noronha.

O primeiro a se rebelar contra a decisão da diretoria da Previ de garfar o nosso reajuste pelo IGPDI em 2003 fui eu, mas era então conselheiro fiscal da Previ e não pude ajuizar as ações judiciais que foram vitoriosas, mas a tese foi minha, desenvolvida depois pelo querido amigo Ruy Brito junto com Isa Noronha.

Fui o responsável pela inclusão das pensionistas na Previ, defendendo tese nesse sentido, vitoriosa. Não consegui o mesmo na Cassi, cujas normas são mais complexas.

Juntamente com a Anabb ingressei com inúmeras ações vitoriosas relativas ao FGTS e fui dos primeiros a levantar a questão dos abonos concedidos ao pessoal da ativa que deveriam ser estendidos aos aposentados.

Fui vitorioso inicialmente nas ações da cesta alimentação , que depois teve a jurisprudência mudada pela ministra Isabel Gallotti, sob influência do ministro João Octávio Noronha, mas que beneficiou inúmeros associados. Na minha opinião a Previ deveria ter concedido a cesta a todos osaposentados e pensionistas.

Entrei contra a alteração da apólice ouro vida, ganhei na primeira e segunda instância, perdi no Supremo justamente para quem ? A ministra Isabel Gallotti. Uma das maiores injustiças. Uma lamentável decisão,pois o perito declarou em seu laudo que o BB agiu maliciosamente.

Perdi a ação da renda certa. A Previ omitiu informações relevantes, como,por exemplo, quem foram os maiores beneficiados. Tratava se de um aleijão que infelizmente ficou consolidado. Uma pena.

E teve o BET, outro aleijão que foi nos empurrado goela abaixo. Fui contrário ao acordo que foi realizado pelas entidades, contrário aos nossos interesses. O BB e a Previ estão nos devendo essa.

Vou parar por aqui com essas reflexões. São fruto da idade. São produto da memória que já começa a fraquejar. Bom deixar registrado. Verba volent scripta manent já dizia o ditado latim. Sei que não agradei a todos, mas sempre fiz o que entendi correto e dei o meu melhor.

Gratificante foi ouvir de mais de um colega cuja ação foi vitoriosa a expressão “ doutor, o senhor salvou a minha vida”. Nesse momento a gente sente que valeu a pena, sim valeu ser advogado. Obrigado Senhor.


INSENSATEZ OU CONTRA SENSO

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Hoje passei num posto para colocar gasolina no meu automóvel, um HB 20. Foram 44 litros a R$ 6,50 o litro. Deu 295,00. Me assustei. Como os caminhoneiros , transportadores e taxistas estão reagindo com esse preço tão elevado ?  Não podem estar contentes. Os aposentados e pensionistas também não, mesmo que utilizem menos seus carros. Eu não estou.


Enquanto isso a Petrobrás, empresa estatal diga se de passagem, lucra 45 bilhões no segundo trimestre. Um contra senso.

Nesse contexto, claro que a inflação assusta, tudo sobe na esteira do combustível, o dólar também, os juros idem, só o que baixa é o Ibovespa. Os estrangeiros tiram seu dinheiro e vão para outros lugares mais estáveis e promissores.

E com esse cenário o presidente pensa e age com olho na re eleicao. Isso é insensatez. 

O Banco do Brasil deu cinco bilhões de lucro no trimestre. Deu um pouco mais do que o mercado esperava. Reduziu despesas administrativas, atuou mais na área digital, teve ganhos expressivos em serviços e em operações de crédito. A provisão para devedores duvidosos diminuiu. Projeta um lucro líquido para o ano de 21 bilhões.

Por sua vez, o novo presidente da Previ deu entrevista ao Valor econômico. Disse que a Previ vem reduzindo sua exposição na renda variável. Vendeu 35 bilhões de ações e aplicou em notas do tesouro. Está perseguindo mais segurança para garantir o pagamento dosbeneficios. Mesmo assim continua buscando resultados e com esse intuito vai investir em ações no mercado internacional. Falou que embora a Previ tenha vendido ações da Vale, a empresa continua sendo a cereja do bolo ou a joia da coroa.

Estamos em agosto, que alguns gostam de chamar de mês do desgosto. Esta madrugada tive o desgosto de ver o Brasil ser eliminado das Olimpíadas no vôlei masculino, quando vencia o terceiro set por oito pontos de diferença. Não conseguiu vencer. Triste sinal dos tempos que vivemos no país. Houve muita insensatez no técnico e nos jogadores para obter a vitória final, escancarada a sua frente. Faltou atitude. Que Deus nos ajude a encontrar os caminhos para uma vida mais digna e justa. 

Estou retornando ao trabalho presencial na Afabb Rs.  Estava saudoso.