Muito se discute sobre o espírito do Natal ultimamente. O comércio deturpou em parte a comemoração puxando naturalmente para o lado dos presentes, para aumentar o seu faturamento anual.
Algumas vozes, livros e filmes se insurgiram procurando restabelecer o sentimento de paz, amor e solidariedade que devem imperar no Natal. Família reunida numa ceia, arrumação coletiva dos enfeites, sentimento de solidariedade, perdão de ofensas, busca de atos de doação e generosidade, enfim tanta coisa.
Acho que o mundo mudou muito e nessa área espiritual para pior. A pressa e a ganância conduzem a humanidade para caminhos pouco recomendáveis.
A corrupção, o desvio de recursos, a falta de sensatez e de equidade, a moral e a ética atropeladas, são frutos dessa mudança de hábitos e de costumes, principalmente pela troca de princípios pétreos pelo avassalador mercado, que parece ser o dono do mundo. Quem manda hoje não é mais o político, o governante da nação poderosa, mas o líder da empresa que comanda a economia e as finanças mundiais.
Pergunta-se por que a bolsa brasileira teve o pior desempenho do planeta, quando outras bolsas, como a norte americana, bateram recordes de alta ? Porque grupos chineses ou de outros lugares, alienígenas, tinham interesse em comprar ações de empresas brasileiras estratégicas por preço baixo. Simples assim. Mas e as nossas autoridades ? Nada puderam fazer ? Não é tão simples a equação. O fato é que em setembro já se falava que a bolsa fecharia em torno de 50.000 a 52.000. Os mais otimistas falavam em 55.000.
Todos aguardavam confiantes o anúncio de que a Petrobrás ia finalmente aumentar o preço do combustível e notícias da China sobre o preço do minério do ferro. Também se aguardava que a política de incentivos norte americana tivesse seguimento. No Brasil a economia não foi bem, o Governo se meteu demais no setor elétrico, os juros subiram, o Eike quebrou. Deu no que deu. Se melhorar até 31 de dezembro, a melhoria será insuficiente para rcuperar as perdas, que já andam em torno de 16% no ano.
Uma sociedade que não consegue enxergar a imensa disparidade que vai de benefícios da aposentadoria de menos de hum mil reais até quarenta e cinco mil reais está enferma, entorpecida, drogada. Impossível uma pessoa que ganha 45.000 sequer encarar outra do mesmo plano de benefícios que ganha um mil reais. E se computarmos os penduricalhos e chegarmos à cifra de mais de cem mil reais, a desigualdade vira um escândalo, um fosso de vergonha, um espaço inexplicável de iniquidade. No INSS a diferença entre o menor e o maior benefício é de seis vezes.A revolução francesa aconteceu porque veio em busca de igualdade e de fraternidade. O baile da Ilha Fiscal, uma ostentação às vésperas da queda do Império, foi um contra senso que a história até hoje não conseguiu explicar.
Espero que o espírito de Natal tenha iluminado aqueles que detém as decisões e que o pudor volte a preponderar nas relações inter pessoais do plano 1 da PREVI.
Assim seja. Senão, como diz o Félix da novela Amor à vida, será o APOCALÍPSE.