BB - 200 ANOS 200 HISTÓRIAS

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ainda na fase light em Maragogi, hoje com dia esplêndido, resolvi ler os livros que trouxe para me distrair, literatura amena. U m deles é sobre as 200 histórias selecionadas do antigo BIB para comemorar os 200 anos do BB, que um gerente me deu de presente. Mesmo nas férias difícil me desgrudar do BB.

Folheando o livro encontrei-me nele com surpresa, na página 108.  Uma história minha, verídica, publicada no BIB 124, em maio de 1983, ocorrida quando era advogado da agencia de Uruguaiana. Confiram. Vale a pena. O título dado pelo BIB: VENERANDA LIÇÃO. O meu era: nunca é tarde para aprender.

"No dia do pagamento dos pensionistas do exército as filas eram extensas na agência do BB em Uruguaiana. As horas se arrastavam. E praticamente paravam quando chegava a vez de dona Setembrina, uma velhinha de setenta anos, O pessoal de sua fila começava a resmungar suspirando. A demora era certa. Dona Setembrina precisava passar tinta nos dedos, para assinar o recibo com a impressão digital. Mas ela cria caso, não quer.

- Que CIC que nada, diz. Não sujo mais a mão, essa tinta demora para sair.

Com muitas explicações, ela finalmente se conforma. Borra o dedo e deixa-o impresso, assinatura de analfabeta, uma chaga social.

Para evitar outra dessas cenas habituais, o caixa e o subgerente tratam de convence-la a nomear procurador.  Chamam o jovem advogado da agencia, que reforça o conselho: - A senhora vai no cartório, faz assim e assado, e está pronta a procuração por instrumento público.

Dona Setembrina, no entanto, não quer saber de procurador. Já tinha sido passada para trás uma vez. Outra não se repetiria. - Fico então com o dedo sujo.

Por vários meses ela continuou frequentando as filaas, cada fim do mes, com aborrecimentos folclóricos, E cada vez mais irritada: - Voces já me conhecem. Para que continuar sujando os dedos ?  Tenha dó , guri.

Até que em certo final do mes, filas enormes, chega finalmene a vez dela receber a pensão. Os clientes se inquietam. A história vai se repetir. O caixa empurra a carimbeira molhada de tinta roxa. Ela protesta em voz bem alta:

- Pode ficar com ela. Não vou sujar mais minha mão .

- Mas olhe o tamanho da fila dona Setembrina. Não crie caso. Os outros também querem receber, pondera o caixa  já um tanto irritado e que implicava com ela.

- Não quero, Sou uma mulher de respeito. Nunca mais ponho minhas mãos limpas nessa sujeira aí.

- Pois se não sujar os dedos, não recebe, diz o caixa . E estamos conversados.

- Estás muito enganado, guri. Tu vais ver como recebo. Já te mostro como.

Dona Setembrina pega a caneta, segura firme o papel do recibo. Olha à volta solene e começa a assinar, letrinha trêmula, mas bonita.

Um espanto de admiração percorre a fila, o pessoal se emociona (eu inclusive, mais uma vez, neste momento que escrevo o post). Dona Setembrina encara o caixa com ar de vitória e explica.

- Pois é guri, o doutor advogado aí do Banco, moço bonito, me levou para a Somar. Aprendi. Agora nunca mais vou precisar dessa droga imunda.

Talvez para dar um toque especial, reclamou do caixa:

- Vê o recibo, guri, Meu nome é Setembrina da Silva Moraes, com "e" e não como está escrito aí com "i", Morais. Trata de corrigir senão vou de CIC encima de ti.

Ela tinha razão. O caixa foi guardando a carimbeira, olhos marejados. E Dona Setembrina teve saida triunfal, entre sorrisos de admiração e muitos parab éns.

A Sociedade Magisterio do Ar (SOMAR) foi criada pelo saudoso bispo Dom Luiz Felipe de Nadal e era presidida por mim, com muito orgulho. Alfabetizamos Dona Setembrina em curso mantido pelo radio, horario noturno.

E daquela alfabetizada com setenta anos nos ficou uma veneranda lição.. Nunca é tarde para aprender".

Com esse texto procuro homenagear a todos os que não se acomodam, agem e procuram lutar para vencer suas dificuldades. Todos os que não ficam inertes.  Dona Setembrina entrou nas aulas com vontade e foi tanta sua dedicação que no final de um ano, quando recebeu seu diploma de alfabetizada, leu um poema de sua autoria : "Não se apiche, não se acomode, não se miche,  a vitória afinal explode.". Simples, talvez errado,mas tenho ele guardado como jóia preciosa. Autografado.

19 comentários:

Anônimo disse...

Linda história, Dr Medeiros.
Essa vitória foi sua e de Dona Setembrina.
Elisabeth

Anônimo disse...

Dr. Medeiros, postei la no blog AAPREVI e tambem pergunto a sua distinta pessoa, gostaria de saber se o Banco ja reabriu a linha antecipacao 13 salario, pois vi um comentario que esta linha estava disponivel, mas eu tambem nao consegui pela internet contratar, disseram que o banco estaria negando isto para as pensionistas, isto deve ser algum mal entendido, era so o que faltava mesmo.
Espero que o banco nao tenha reaberto esta linha, porque se reabriu, eu como pensionista tambem nao consegui contratar.


Carmem Souza

Jorge Teixeira - Araruama (RJ) disse...

Colega Medeiros,
Também me lembro muito desse boletim. Ele era impresso na gráfica do Banco que, naquela época, fazia parte do departamento que eu trabalhava lá no Rio de Janeiro. Se a memória não me falha o nome era BIP-Boletim de Informação ao Pessoal. É apenas um singelo detalhe já que o mais importante foi a história de vida vitoriosa de Dona Setembrina. Valeu.

wilson luiz disse...

"SUPERÁVIT" À VISTA?
Acabo de ler que a PREVI estaria negociando a venda de sua participação na Neoenergia à Iberdrola, por valor superior a R$ 20(VINTE) bilhões de reais!! Andei procurando o valor contábil no balanço/2010, e encontrei R$ 3.7 bilhões, só que não tenho certeza, se alguém souber o valor correto, favor publicar. De qualquer forma, vamos ficar de olho, pois não dá para confiar na PREVI, podem estar querendo "fabricar superávit" para novas apropriações pelo Banco. A se confirmar o negócio, e dando lucro, seria uma boa forma de a PREVI diminuir sua exposição em renda variável.
fonte www.anapar.com.br , notícias do dia 22.07.2011.

Anônimo disse...

"Não se apiche, não se acomode, não se miche, a vitória afinal explode.".

Assim penso eu.
Celso Bernardes
FORMIGA/MG

Anônimo disse...

Amiga, sou pensionista também e saiu na tela aseguinte mensagem:
Procure a gerencia!
Coitada de nós PENSIONISTAS!

Pensionista disse...

Dr Medeiros li no site da AAFBB o seguinte:
O Desembargador do TJRJ proferiu o seguinte despacho: " Oficie-se ao juízo de 1º grau, para que informe o horário e a data em que foram entregues em mãos do escrivão a decisão que revogou a decisão que antecipou a tutela. Por ora, reconsidero o pronunciamento do anverso."
O senhor poderia me explicar o significado pois no meu parecer de leiga nós estamos ganhando!

Anônimo disse...

ASPECTOS CONTÁBEIS E PREVIDENCIÁRIOS A SEREM ABORDADOS NA PETIÇÃO DA ADIN.

Os argumentos técnico-jurídicos contra a Resolução MPS-CGPC-26/2008 são fartos, robustos, verdadeiros e irrefutáveis, de modo que qualquer bom advogado é capaz de estruturar uma petição segura, clara, coesa e com enormes chances de pleno êxito na ADIN, desde que os julgadores não distorçam a verdade, invertam a hermenêutica, mercê dos revoltantes julgamentos políticos.
De qualquer maneira, será árdua, espinhosa e difícil a tarefa do adversário para esboçar uma defesa eficiente pela completa ausência de embasamento pertinente, técnico, onde nitidamente faltou ética, lisura, autonomia para prescrever uma medida extrema de lesa Constituição Federal, cuja alçada para alterar a Lei Complementar 109/2001 é única e exclusiva do Poder Legislativo.
É inconcebível e impossível uma singela Resolução Administrativa, observada a rígida e inflexível hierarquia das normas jurídicas, fazer inovações, alterações e mudanças que o valha numa Lei Complementar Federal.
Essa excrescência denominada resolução é filha da ação maquiavélica de velhacos, delinqüentes de colarinho branco e configura crime a mão desarmada, bem mais traiçoeiro do que os roubos à luz do dia praticados por meliantes do crime organizado.
É mais fácil lidar com esses brutos oriundos da má distribuição de renda, do desemprego, da falta de educação, a ter pela frente patifes refinados que frequentaram boas escolas, no entanto, não absorveram moral e caráter.
Portanto, o CGPC patrocinou essa arbitrariedade com total má fé e sabendo com antecedência sobre as irregularidades absurdas e sem precedentes que iria perpetrar. Sabia, igualmente, dos prejuízos astronômicos que causaria aos participantes e assistidos dos Fundos de Pensão, em benefício do patrocinador, contudo, sem nada temer por contar com o respaldo e proteção do Governo, porto seguro para a impunidade.
Todavia, não vamos nos ater à terapia jurídica que, sem dúvida alguma, vai ser certeira e contundente. O que nos preocupa é o trabalho nos bastidores, o jogo político indecente, com pressão sobre os Ministros do STF para favorecer os interesses Governamentais, com aquela velha e esfarrapada desculpa: “Se julgarem contra a Resolução 26/2008, vocês vão quebrar o BB”.
É preciso já no início, aplicar o antídoto, fazendo constar na exordial, que os R$7.5 bilhões alvo da disputa estão apartados em um Fundo Especial e que não incorporaram o patrimônio do BB, sendo passível de reversão sem maiores consequências.
Sem embargo do exposto, segundo o balanço, de 31/03/2011, o banco detém o Patrimônio Líquido de R$ 52.1 bilhões, estando comprovado que pode arcar com dívidas que lhe forem imputadas sem ameaçar e abalar a sua saúde financeira.
Especialistas em Previdência Complementar poderiam ser ouvidos e dar excelentes contribuições, especialmente porque, normalmente, os advogados são pouco afeitos à matéria. Seria oportuno salientar que desde o advento da Lei Complementar 108/2001 o patrocinador passou a verter contribuições a favor da PREVI, na paridade (1 x 1) com os funcionários e que desde dez/2006 está isento de despesas de contribuições.
continua parte II.

Anônimo disse...

parte II - final.

Constam do Estatuto e Regulamento da EFPC-PREVI que o BB tem a responsabilidade única de patrocinador, recolhendo suas contribuições para exonerar-se dos elevados custos das aposentadorias dos seus funcionários, as quais foram assumidas pela PREVI, após 1967.
De modo que os normativos que norteiam a PREVI vetam a possibilidade do BB ser patrocinador e beneficiário ao mesmo tempo, pano de fundo da disputa judicial, visto que a Resolução 26/2008, artigo 15, concedeu-lhe indevidamente, ao cabal arrepio da lei, do bom senso e do sistema, a condição de meeiro (beneficiário) dos superávits técnicos (Reserva Especial) da PREVI, contra tudo e contra todos, como se o CGPC fosse o Todo Poderoso, acima da Democracia e do Estado de Direito.
Como ação proativa, pavimentar o caminho na petição, com pedido de tutela antecipada, no sentido de que revertidos os R$7.5 bilhões para os participantes e assistidos, estes sejam utilizados, independente de autorização do BB, para melhoria dos benefícios, a exemplo do que ocorreu com os outros 50% (R$7.5 bilhões) de superávits que foram convertidos em Benefícios Especiais Temporários (BET).
Por último, fazer trabalho nos bastidores, com o concurso de políticos, no STF, de sorte a neutralizar as mesmas ações que o Governo seguramente fará, inclusive através de seus Ministros e da própria Presidente. Acho que é imprescindível uma vigília e acompanhamento diuturno do desfecho desse assunto, sobretudo com a cobertura da mídia forte (Folha de São Paulo, Veja, IstoÉ, etc).

Anônimo disse...

Caros colegas,
Vejam como Governo e partidos gostam do dinheiro dos Fundos de Pensão.
Do site do jornalista Cláudio Humberto:

26/07/2011 | 00:00
No Fundo Refer,PR(Partido da República) não descarrila

O Palácio do Planalto está de olho também na direção do Refer, o fundo dos metroviários e ferroviários do país, com saldo bilionário. A direção é apadrinhada pelo trio mandatário do PR, o senador Alfredo Nascimento (AM), e os deputados Valdemar Costa Neto (SP) e Luciano Castro (RR). São eles quem determinam ao diretor do fundo, Marco André Marques Ferreira, em quais bancos as aplicações financeiras devem ocorrer.
Com R$ 2,9 bilhões, o fundo cresce principalmente por “rendimentos auferidos com a aplicação nos mercados financeiro e imobiliário”.
O Fundo Refer tem oito grandes empresas associadas, entre eles o cariocas CBTU e Metrô, a paulista CPTM e a cearense MetroFor.
A extinta RFFSA está em inventariança desde 1999. Trens e sedes foram privatizados, mas o passivo ficou com a Viúva, ou melhor, a Valec.
Se o PR não entrar nos trilhos da moralidade, correm risco os 34.644 trabalhadores das oito associadas, entre ativos e aposentados.

Anônimo disse...

(Copiando)


Aos que ainda não estão familiarizados:

1º passo: ao abrir o blog no lado esquerdo tem a biografia do Medeiros
2º passo: descendo a tela, ainda do lado esquerdo azul-escuro, vai encontrar "OS AMIGOS QUE ME ACOMPANHAM". É só clicar ali para ser um seguidor.
PS: É preciso ter cadastro ou no Google, ou no Facebook, ou qualquer outro cadastro na rede social para seguir alguém.

4 de julho de 2011 21:40


Janone

lula disse...

Sua resposta foi postada para o seu tema de interesse no Sistema de duvidas do site ANABB.

Pergunta:
BALANÇO ANUAL 2010 - Aquisiçao de imoveis - Nas Notas Explicativas n 9 - Ativo Permanente, item 1, letra d) Outros investimentos, consta a aquisiçao pela ANABB de diversos apartamentos, entre permutas e compras: 13 aptos no ed. Jardim das Paineras DF, 9 aptos. no Jardim da Barra RJ, etc... Gostaria de saber qual a finalidade da aquisiçao dos referidos imóveis, uma vez que nao consta das Notas Explicativas. Atenciosamente.

Resposta:
Prezado Luiz, acusamos o recebimento de sua mensagem e informamos que a encaminhamos para a Vice-Presidência Administrativa e Financeira (VIFIN), responsável pela divulgação do balanço. Agradecemos o seu contato.

Anônimo disse...

Tentei fazer na internet do Banco a antecipacao do 13 salario e mostrou a seguinte mensagem

Problema na execução de sua solicitação...
Transacao indisponivel.020 Não di (G999-923)

Dr.Medeiros o senhor sabe porque nao permitem esta transacao?

Amelia Viana

Anônimo disse...

Dr. Medeiros, assim como a pensionista das 7:58, eu também não entendi o despacho do Desembargador à respeito da ação Cesta Alimentação relatado no site da Aafbb-Rj, de maneira clara o que quer dizer?

Anônimo disse...

Colegas

Alguém sabe informar sobre a posição da ação CESTA ALIMENTAÇãO defendida pela AAFBBRJ, será que podemos ter esperanças,ou isso tem muito chão até que alguma coisa saia.

Anônimo disse...

Porque as pensionistas não tem direito a tomar a parcela do 13 antecipado se o BB disponibilizou para todos os aposentados.Existe alguma previsão para a implantação do novo ES.Sem realinhamento nas pensões precisamos de empréstimos para sobreviver, Sr. Sasseron está esperando o quê para liberar o único aumento que conseguimos e que infelizmente é aumento das dívidas, porque não saimos dos 60%.

Anônimo disse...

Dr. Medeiros e prezados colegas, quando se pensa que ja vimos tudo em materia de bizarro, veja a ultima atualizacao deste maravilhosos site catolico.
A que ponto chegou o desrespeito pelas coisas Sagradas.
Acesse este endereço, a noticia esta bem em cima.

www.rainhamaria.com.br

Um beijo no coraçao de voces

Paulo Beno disse...

Colega Wilson Luiz,

No relatório anual da PREVI, de 31/12/2010, nas Notas Explicativas na página 69 é informado que as ações da Neoenergia foram precificadas em R$ 3.521.986,pelo "valor econômico" justo da participação do Plano 1 nesta S.P.E.

Por oportuno, a PREVI noticia que ontem (27/7/2011) vendeu seu imóvel "Hospital Umberto Primo"-Ex-Hosp.Matarazzo, (Alameda Rio Claro,190´imediações da Av.Paulista, em São Paulo)a uma S.P.E. formada por WWI+ALLARD, por R$ 117 milhões, à vista. Tal hospital fora adquirido em 1996 e tinha seu valor contábil em R$ 48.176 mil, sendo reavaliado em 29/01/2010 por R$ 54.536 mil, cfme. página 72 do citado Relatório Anual de 2010.

$$$$$ESTAMOS DE OLHO!!!!$$$$

wilson luiz disse...

Caro Paulo Beno,
Menos mal que a PREVI tenha sido conservadora na precificação de seus ativos de renda variável. Cheguei a ver comentários de alguns que achavam que a Neoenergia era um verdadeiro "mico"; mesmo que não se concretize o negócio, estar se discutindo valores acima de R$ 20 bilhões para algo que está contabilizado por R$ 3.5 bilhões é
uma excelente notícia.