BANCÁRIO, MORTE ANUNCIADA !

terça-feira, 17 de outubro de 2017

O bancário morreu. A profissão de bancário teve morte anunciada há poucos dias.  Os bancos dizem que não precisam mais de bancários para operar. Estão empenhados em montar o banco digital, operado por algorítmos e robôs. O celular é o sustentáculo do sistema. Tudo acontece nele.

Bancários humanos só dão problemas. Fazem greve, entram com reclamatórias trabalhistas, querem dissídios e acordos, dizem os banqueiros.

O enxugamento dos quadros funcionais já iniciou.  Agencias foram fechadas, Lisboa e New York, entre elas, gerentes foram descomissionados, concursos desativados. Não entra sangue novo.

O que isso tem a ver conosco, aposentados ?  Muita coisa.

A fórmula sobre a qual nossa aposentadoria e nosso plano de saúde foram montados exigem que haja uma constante e permanente renovação dos quadros do funcionalismo.  Há necessidade de que o pessoal da ativa, bem mais moço, saudável, sustente com suas contribuições nossos planos de saúde e aposentadoria.  Com o envelhecimento isso ficou difícil. E agora com a digitalização e desumanização ficou pior.

Na previdência oficial a previsão era de que cinco funcionários da ativa sustentassem a aposentadoria de dois idosos.  Agora a proporção é de que cinco aposentadorias estão sendo sustentadas por dois da ativa, o que é inviável. Quebra o sistema.

Várias outras profissões já desapareceram na voragem do progresso. Os telegrafistas, as datilógrafas, as estenógrafas, os guarda noturnos, os barbeiros, os ferroviários, os vendedores de enciclopédias.  Agora está chegando a vez dos bancários. As máquinas fazem tudo. O resto é por conta dos programadores.

Não adianta lamentar. Temos é que nos preparar e procurar alternativas.  Existem. Está na hora de acordar para enfrentar essa onda que vem por aí.  Os robôs contra nós, as máquinas contra a humanidade.  O mundo debaixo pra cima.

Eu estava em Roma, na FAO, há cerca de quarenta anos, participando de um grupo de trabalho, quando um cientista premio Nobel advertiu sobre os riscos da ciência avançar demais e se tornar um pesadelo para a humanidade, especialmente para o mercado de trabalho.  Foi considerado um louco, um retrógrado, um terrorista. Lorentz, se chamava.

Agora estamos enfrentando esse problema.  O celular virou meu inimigo.  

Vamos que vamos.


24 comentários:

Anônimo disse...

Está na cara. Quando parecerista precisava informar quantos empregos o parecer criaria. Hoje, deve-se indicar quantos empregos a máquina destruirá. É o apocalipse vaticinado por Marx: a massa de consumidores extinta consumirá o punhado de capitalistas sobreviventes. Quem viver verá...
Edgardo Amorim Rego

Anônimo disse...

Quando fiz o vestibular, em 1976, o tema da redação foi "O Século XX e Eu". Consignei que a evolução dos processos de automação, da informática, da cibernética, enfim, do mundo tecnológico e digital ia ser o vilão do emprego de muitas categorias profissionais, principalmente do segmento de subemprego, e que eu deveria especializar na área de informática, não por aptidão, mas, sim, por questão de empregabilidade. Encerrei a redação com um questionamento: quem iria consumir os produtos e serviços dos robôs, porquanto grande parte da sociedade estaria desempregada, principalmente os braçais? Entretanto, corri o risco e aposentei-me no século XXI e, ainda, como bancário. Na ativa, já havia rumores de que em breve só iam permanecer os funcis da área negocial e trabalhando pelo método "Home Office". Esse método de trabalho "escritório em casa" já está sendo implantado no serviço público (INSS). Obviamente, nas empresas privadas, principalmente nos Bancos, haverá redução de mão de obra porque tal método não vai absorver todo o quadro funcional, principalmente dos envolvidos em trabalhos repetitivos, facilmente, robotizáveis. Inevitavelmente, pelo método de repartição simples, contribuições dos ativos financiando inativos, será trágico para nós aposentados, ainda mais, do regime geral, eis que máquinas não contribuem para tal, nem “virtualmente” . Pobres colegas da ativa, com a robotização e terceirização da mão de obra, inclusive da atividade-fim, bem como, uma reforma trabalhista escravagista, terão muita dificuldade, ainda mais com esse governo neoliberal privatizando tudo.

Anônimo disse...

Dr Medeiros a Previ acabou de publicar o resultado até setembro, rendeu 11,02% com sobra no ano de mais de 7 bi

Medeiros disse...

O resultado ficou um pouco acima do esperado. Bom para nós, bom para eles. Tomara continue para zerar o déficits.

Anônimo disse...

Dr Medeiros

Um post pesado, aterrorizante, num momento em que a Previ anuncia um ótimo resultado. Mas o doutor deve ter suas razões. Está anos luz na nossa frente. Sabe das ameaças. Está chamando a nossa atenção. Pouca gente faz isso. Nem a imprensa. A tecnologiaé endeusada.

Anônimo disse...

Mesmo pesado, é oportuno. Parabéns Medeiros você sempre-noiva frente de nosso tempo.

Anônimo disse...

É um alerta necessário. Obrigado.

Aderbal

Anônimo disse...

Dr. Medeiros,

Como Vossa Senhoria é um Expert no assunto, eu lhe faço a seguinte pergunta:

Os que se aposentaram não contribuíram para isso? O raciocínio de se formar uma poupança com as contribuições garantidoras de uma remuneração futura, não vale para o caso?
Tenho clareza no entendimento de que pagar super salários para quem não contribuiu para isso, compromete o sistema; agora não consigo entender a outra situação.
Grato por sua atenção e desejo-lhe muita saúde porque és muito importante para nossa categoria

Fique em paz

joao trindade disse...

É isso, Dr. Medeiros,
¨Dura vita sed vita¨.
Parafraseando o dileto bloguista :
Vamos que vamos ( From here to eternity ).
Abraço chinchado, dos velhinhos aposentados do noroeste do Paraná.

Anônimo disse...

O PB1 Previ é um plano fechado. Ninguém entra. Só sai.

Medeiros disse...

Existem muitas variantes para examinar e enfrentar o novo cenário. Quando o nosso plano 1 foi fechado há vinte anos a tábua atuarialnao previu o envelhecimento atual. A expectativa de vida era menor. Mas nosso plano possui patrimônio robusto. O nosso problema é que em 2020 todos estarão aposentados. Ninguém mais na ativa. Este ano vamos pagar quase 14 bi de benefícios, contra 3 bi de contribuicaoes. Mas temos uma situação administrável.

Anônimo disse...

Dr. Medeiros , porque o blog do Zanella escreveu lá nos comentários que o sr só vê o lado positivo ? Eu acho que o Sr faz análise sempre consciente e com fundamentos de quem de fato conhece os temas

Medeiros disse...

Acho que examino os dois lados fruto do raciocínio que a idade nos proporciona. Não sou contra a renda variável. O BET foi obtido graças a ela. Eu tenho reservas hoje graças a bolsa. Um resultado de dois bilhões em trinta dias tem que ser exaltado. Reacende as esperanças. Com a profissão de bancário em extinção precisamos de esperanças e boas notícias para viver.

Everton disse...

Caro Medeiros, o senhor esqueceu de mencionar que hoje, muitos vovôs e vovós, com sua minguada aposentadoria, é que mantém muitas casas espalhadas pelo brasil, bancando filhos, netos e até bisnetos.

Anônimo disse...

Só há uma certeza quando se observa o bom resultado do "PB-1" até setembro publicado no site da Previ. Haverá o pagamento do imoral bônus de remuneração variável para os membros da diretoria executiva. O que poderá restar para os ditos donos do fundo? Só o Sr. Medeiros poderá responder essa pergunta.

Anônimo disse...

Emérito Mestre MEDEIROS:


Longe de mim CONTRADITAR o Mestre, no entanto, não acredito na EXTINÇÃO DOS BANCÁRIOS. Acredito num MEGA EXUGAMENTO da profissão. Disseram que os LIVROS TRADICIONAIS iriam SE ACABAR, só iam ficar/sobreviver os LIVROS DIGITAIS. Alguém já conseguiu ler, mesmo que pequeno, um livro digital? NUNCA SE VENDEU TANTO LIVRO COMO AGORA (apesar do desemprego). As FEIRAS DE LIVROS pululam pelo país afora. O saudoso e famoso STANISLAW PONTE PRETA, quando comentaram que o ROBÔ IRIA FAZER e SUBSTITUIR TUDO, o mesmo aventou que por MAIS ROBÔ e MAIS MODERNIDADE que houvesse, o ser humano JAMAIS abriria mão de FAZER GENTE PELO MÉTODO ANTIGO.

Medeiros disse...

Vejam que não sou eu o que anuncia a extinção dacategoria dos bancários. Longe de mim ser profeta do apocalipse. Estou de acordo com o colega. Primeiro vira o super enxugamento.

Medeiros disse...

E o resultado da Previ ? Nos interessa também. Com certeza. Não levem só para o lado polêmico. O pessoal da Funcef quero diga. Está pagando caro o déficits.

Anônimo disse...

Digníssimo Advogado,

Concordo que a bolsa nos deu o BET, mas discordo da enorme exposição em que está o Previ por aplicações de risco elevado, inclusive perigosas perdas como SeteBrasil entre outras.
A sua dinâmica em aplicar na bolsa e a do Previ, me parece, são muito distantes.
Distantes pela simples razão, ao meu ver, que é mais fácil manobrar um IATE do que um TRANSATLANTICO.
Saúde e mente sempre aberta o que para o Doutor é uma constante.

Anônimo disse...

Dr. Medeiros Boa tarde! Na situação atual da Previ pagando 14 bilhoes de beneficios contra 3 bilhoes de contribuições não é preocupante?? Em algum momento a Previ terá que se desfazer de patrimônio para fazer face aos pagamentos dos beneficios......

Anônimo disse...

Dr. Medeiros
Saude~

Faz tempo.Nao. Deve fazer cinquenta anos estive numa palestra da
IBM sobre o futuro/ Ele seria da ocupação com o laser/ POIS SIM !
Mas tenho alguma esperança . Para mim o que falta eh
distribuição. Os robôs de hoje produzem mais do que produzíamos.
Penso numa grande REPUBLICA PLANETARIA. Por favor não politizar.
Milor já dizia ! Pensar eh so pensar,

Aquele abraco

Mario D

Medeiros disse...

É verdade.

Medeiros disse...

Mário,

Aquele abraço.

O laser revolucionou. No final do mês vou operar o glaucoma com laser. Mas o chipp eletrônico foi demais. É o culpado desta onda tecnológica avassaladora. Um celular que armazena milhares de musicas, de fotos e de filmes,e faz operações bancárias, aquisição devassáveis aéreas, era., é um prodígio jamais imaginado.

Anônimo disse...

Dr Medeiros

Desculpe, De tanta tecnologia, ficamos descuidados. Muitos escrevem.Poucos leem. Mais relaxamento. Relaxamento?. Vamos ? Fui

Mario D