A SAIDA DE ROGER AGNELLI DA VALE

Tendo em vista que fui conselheiro fiscal da Vale no período de 2005/2008, vários colegas insistem em saber minha opinião a respeito da mudança na Vale, com a saida de Agnelli e a entrada de Murilo, QUE VAI ACONTECER NESTE MES DE MAIO.

Achei boa a troca.

Reconheço que Agnelli desempenhou um papel importante na Vale durante os dez anos que esteve à frente da empresa, transformando-a em uma das principais mineradoras do mundo.

Entretanto, a alternancia no poder se impunha, independente das situações de conflito geradas com o Governo do Presidente Lula e da Presidenta Dilma, com relação à demissão de empregados na crise, da compra de navios chineses, de aviões estrangeiros em vez da |EMbraer, etc.

Havia o risco de que Agnelli confundisse os papeis e se considerasse o dono da empresa.  Muita gente achava que o seu projeto era pessoal e contivesse dose elevada de megalomania.

Ultimamente os críticos chamavam muito a atenção para o aspecto de arrogancia que a Vale e seu presidente ostentavam, bem como o caráter ditatorial da sua administração, muito concentrada no comando pessoal de Agnelli.

Durante meu mandato na Vale várias vezes reclamei da postura imperial do presidente e fui responsável pela sua convocação para participar de reunião do conselho fiscal para explicar a compra da INCO do Canadá, uma transação gigantesca na época. Até então Roger nunca tinha ido a uma reunião do conselho fiscal.

Eu costumava usar a comparação da Vale com um gigante de pés de barro, que necessitava cuidar de sua retaguarda, de sua TI, de sua saúde financeira,  de suas bases, de sua estrutura funcional e administrativa, ao mesmo tempo que avançava, que conquistava novos espaços.

No caso da frustrada compra da Xstrata, por 70 bilhões de dólares, divergi profundamente de Roger e dos controladores da Vale, pois além do endividamento que iria provocar na empresa, a operação envolvia uma diluição das ações, de maneira que a Previ ficaria prejudicada no seu percentual de controle.  Acho, inclusive, que me queimei definitivamente junto à Previ com relação a esse assunto.

O diretor Murilo, que estava na Vale nessa ocasião, também foi contra essa operação, que terminou não se concretizando, felizmente, porque em seguida veio a crise de 2008, e o valor da Xstrata baixou para 15 bilhões de dólares. Teria sido um desastre.

Portanto, o que posso dizer é que não fiquei desapontado com a troca dos executivos.

Isso não quer dizer que Murilo está com carta branca.  Vou acompanhar seus atos e ver se realmente houve uma mudança saudável sob o ponto de vista empresarial ou se ocorreu uma ingerência política nos destinos da Vale, que passaria a cumprir tarefas sociais, ecológicas e econômicas de interesse meramente público.

Não gostei de ver o governo federal se intrometendo no conselho de administração da Vale. Ele já possuia assento no conselho fiscal.  Um dos quatro membros efetivos do conselho fiscal é indicado pelo Tesouro Nacional, na condição de acionista minoritário. Lá convivi, por exemplo, com Bernard Appy, na época Ministro da Fazenda substituto do Palocci e também presidente do conselho de administração do Banco do Brasil. Está na foto ao meu lado.

A Vale é muito importante para nós, aposentados e pensionistas do Banco do Brasil, pois ela tem posição relevante em nossas aplicações de renda variável.  De seus dividendos provém expressiva parte do pagamento de nossos proventos. Não podemos descuidar em nenhum momento de acompanhar o que se passa na VALE.

Assim como o superavit, a VALE não é do BB, a VALE é nossa, é do fundo de pensão dos FUNCIONARIOS DO BANCO DO BRASIL.

DELENDA CARTHAGO - PROTESTO JUDICIAL É TAMBEM UMA FORMA DE EXERCERMOS A NOSSA CIDADANIA. A VALE É NOSSA, O SUPERAVIT TAMBEM.