CHEGOU A PRIMAVERA

terça-feira, 5 de outubro de 2010

De Cecilia Meirelles a seguinte frase: “Saudemos a primavera, a dona da vida – e efêmera”.

Essa palavra “efêmera” me impressiona, pelo seu profundo significado temporal.  A primavera é linda, com suas cores, com seus sons, com suas temperaturas amenas, com o calor que desperta em nossos corações, o desejo de aproveitar a vida, com tudo de bom que ela possa nos oferecer. Mas é transitória, é passageira, é efêmera, e com isso nos deixa uma grande lição, que serve de aplicação na vida prática, como, por exemplo, na questão do superavit.

 

 

.Pôr-do-sol

 

Não se pode deixar passar uma oportunidade em vão hoje em dia, sob pena dela se esvair, tal a rapidez dos acontecimentos, tal o dinamismo da vida moderna, que nos atropela e muitas vezes nos confunde.

Deixar para amanhã pode ser fatal, pode significar o adiamento para nunca se realizar um sonho ou uma pretensão. O destino não perdoa, pois a vida é efêmera, surpreendente e implacável.

Nesses vinte anos de vivência associativa tenho visto muitos dramas e situações que me fazem pensar assim.  Um dos meus colegas mais dignos, por exemplo, convidado para viagens ou divertimentos, sempre dizia que primeiro iria acomodar os filhos, constituir patrimonio, acumular reservas para o futuro, para depois se dedicar a desfrutar da existência. Morreu cedo, não aproveitou nada. Um ano depois faleceu a esposa.

Em 2002 parecia o fim do mundo para nós quando houve a intervenção na PREVI, que na época tinha deficit em vez de superavit, e mesmo assim sofria saque por conta de pagamento de imposto de renda para a Receita Federal.  O Governo, além disso, restringiu o pagamento das contribuições do Banco do Brasil. Em vez de 2 x 1 passou para 1 x 1, implantando-se a paridade. Houve tumulto, insatisfações.  O interventor, atual chefe da Casa Civil, acabou com o quadro social e fez um novo estatuto com o voto de minerva a favor do BB no conselho deliberativo, tudo por conta das leis complementares 108 e 109, recém promulgadas.

Os profetas do apocalipse de sempre anunciaram que era o fim. Nossos benefícios seriam reduzidos ou estagnariam. A PREVI não poderia aguentar. Iria quebrar no ano seguinte.

Foi com esse quadro que fui eleito para o conselho fiscal e assumi em julho de 2002, iniciando um mandato de quatro anos, numa cerimonia de posse fechada, que mais parecia um velório.

Já se passaram oito anos – OITO ANOS – desse cenário. Vivemos alguns períodos tormentosos – que no meu livro chamo de olho do furacão – mas sobrevivemos e passamos do deficit para o superavit grandioso, graças principalmente ao desempenho extraordinário da bolsa de valores, que passou de 12.000 pontos para 70.000, mas também devido a outros fatores, como , por exemplo, o fechamento de vazamentos produzidos por maus investimentos.

Agora é a hora. O superavit, assim como a primavera, é efêmero.  Não deixemos ele passar sem aproveitar.  Depois não adianta se lamentar.

3 comentários:

Anônimo disse...

LEMBRAR sempre que esse tal de superavit deveu-se em grande parte à existencia da Parcela Previ. A PREVI se apropriou de algo que não era dela. Parcela Previ só fazia sentido para o INSS, que esta/va falido. A Previ nunca chegou a esse estado e mesmo assim se apropria e continua se apropriando de recursos tungados daqueles que sofrem mensalmente a existencia da tal Parcela Previ. Isso é injusto. Isso é apropriação indébita.

MEDEIROS disse...

Obrigado por comentar e participar. E´verdade. Essa tal de parcela Previ foi uma aberração. Quando foi criada eu não estava mais no conselho fiscal da PREVI. Se estivesse talvez ela não existisse.

Anônimo disse...

Dr Medeiros,
Gostei muito de conhecer seu blog. Percebe-se logo tratar-se de alguém que n escreve só por escrever. Tem conhecimento, objetividade e idéias organizadas p compreensão dos leitores. Estou divulgando e assim colaborando p que um número maior de colegas aposentados estejam mais atualizados.
Grata
Dorinha