PORTUGAL : SINTRA ( 3 )

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Em Caiscais veio se unir comigo e Ana, a pesquisadora e historiadora portuguesa Joana de Freitas, vindo diretamente de Lisboa e que chegou a nosso hotel cerca das dez horas da manhã de segunda feira, dia 21 de maio.

Culta, inteligente, bonita e jovem, casada com Sergio, mãe de dois filhos, encantou-nos com sua simpatia e com sua maneira de ser.  Tinha elaborado a fotobiografia do bisavô da Ana, o presidente portugues Manuel de Arriaga,  objeto de tese acadêmica dela. Um excepcional trabalho, editado em Horta, nos Açores, por ocasião do centenário da proclamação da república portuguesa, no ano passado.

Joana se ofereceu gentilmente para ser nossa guia em Sintra.

Peguei a direção do carro locado e ela me orientou pelos caminhos sinuosos e estreitos da serra de Sintra, cerca de 30 quilômetros de Caiscais,  repleto de florestas de imponente beleza. Joana foi de grande valia.

Primeiramente levou-nos a visitar o cabo da Roca, o ponto ocidental mais extremo do continente europeu.  Um lugar panorâmico e instigante. O marco está acima.

Depois fomos ao Convento dos Capuchos, bem no cimo da serra, local exótico e raro, encravado nas rochas, onde os frades franciscanos viviam de forma estoica, em ambiente integrado na natureza, despojado de qualquer conforto. Data de meados do ano 1.500. Um sítio de grande pobreza e que nos faz pensar no que de fato representa o conforto e o luxo para nossa felicidade.  Falam que o fundador do convento, viveu ali mais de trinta nos e alcançou quase cem anos de idade morando naquelas condições. Lord Byron escreveu um poema a respeito. Algumas celas não permitem a passagem de pessoas eretas e os móveis são de pedra.Vida monástica mesmo.  Como sou um apaixonado por pedras, adorei o lugar, que emana bastante energia pura.

Aí fomos visitar o Palácio da Pena, uma das grandes atrações de Sintra. É  um edifício pitoresco,  no ponto mais alto da serra, quase sempre cercado de neblina e nevoeiro, exceto no dia em que o visitamos.  Foi construido no século passado e sofreu diversas reformas até o presente momento. Possui torres, cúpulas, mobiliário, cristais, lustres, varanda com uma vista espetacular da região. Só vendo. Parece um castelo encantado dos contos de fada. Os desenhos são igualmente esquisitos. Cobras, dragões, aves exóticas. O que mais me chamou atenção foi a capacidade de construir um edifício tão imponente em local tão elevado e inóspito, sem os recursos técnicos que hoje dispomos. Tem visitante que sobe os duzentos metros de escalada a pé. Mas, felizmente, para os idosos, existe um ônibus elétrico que realiza o percurso da subida por dois euros, ida e volta. Não deixe de utilizá-lo.

Mais abaixo está o Palácio Nacional de Sintra, que é mais antigo, era residencia real, e é famoso pelas suas duas torres gêmeas que constituem os  fôrnos da imensa cozinha. Sua fama também decorre de algumas salas do palácio que possuem histórias e são belíssimas. Uma delas é a sala dos brasões, toda forrada de azulejos, onde se encontram os brasões de setenta famílias portuguesas, com ramificações no Brasil.Outra é a sala dos cisnes e talvez a mais conhecida é a sala das pegas, aves parecidas com corvos. Contaram as más línguas para a rainha que Dom João I havia dado um beijo numa aia da côrte muito bonita. O rei desmentiu. Falou que era um beijo do "bem", inocente.  Para demonstrar que a malícia estava nas aias faladoras da corte, mandou pintar um pássaro no teto do salão para cada uma das aias .

A emoção do dia ?

O momento mais delicioso e emocionante foi à tarde na pastelaria Piriquita,no centro de Sintra, defronte ao palácio, onde tomamos chá verde acompanhado do famoso travesseiro, uma massa deliciosa, passada sete vezes em volta de um creme especial de nata com amêndoas, servida na hora, recém saida do fôrno, quentinha. Uma delícia. Imperdível. O calor do travesseiro certamente era reflexo do calor da amizade que se sedimentava entre nós e Joana de Freitas, cujas raizes nasceram no carinho e na admiração mútua dedicada ao presidente Manuel de Arriaga e aos valores éticos em que ele acreditava.

Obrigado Joana pelo dia agradável que passamos em Sintra e que festejamos jantando junto no Chiado, em Lisboa, à noite,  juntamente com teu simpático marido Sérgio.

4 comentários:

Medeiros disse...

Essa matéria que estou publicando sobre a viagem já foi vista em 54 paises e está fazendo sucesso. Vou continuar, atendendo a pedidos inúmeros.

Anônimo disse...

Realmente está muito boa a série sobre a viagem. Parabéns.

Anônimo disse...

Nada como ter uma historiadora como guia em Sintra, um lugar realmente histórico e de grande beleza.

Marcia. RS

Anônimo disse...

Adorei o relato e me emocionei também com os momentos vividos. Pena que não posso fazer uma viagem dessas no momento. Mas vou procurar economizar e quem sabe algum milagre acontece.

Setembrino - MG