CATARSE

Enquanto não chegam as notas oficiais e melhores esclarecimentos sobre o que se passou ou está se passando com o vulcão, as cinzas se espalham por toda a parte provocando sujeira difícil de limpeza.  Melhor deixar sentar um pouco a poeira para ver por onde começar a varrer.

NESSE ENTREMENTES, amo a língua portuguesa. Amo a língua de Camões, Fernando Pessoa, Rui Barbosa, Jorge Amado e Érico Veríssimo.

Têm algumas palavras pelas quais curto especial predileção.

Uma delas é "catarse".

Essa palavra tem vários componentes que me agradam.  Contém mistério, sonoridade, dubiedade, conteúdo. E´ uma das minhas preferidas desde que li uma entrevista de Erico Veríssimo, onde ele fazia referência à mesma, por ocasião do encerramento de sua saga histórica e sentimental do "Tempo e o Vento".

Pois o protesto judicial de ressalva de direitos relativo ao superávit de 2009 representou, para mim, uma CATARSE.  Uma prodigiosa catarse.

Eu estava emocionalmente trancado desde que o processo de destinação do superávit foi deflagrado e o Banco do Brasil beneficiado com metade dos recursos que eram nossos em sua integralidade. Minha sensação , voces sabem, era de ter sido feito de palhaço pelo BB.  Falei disso várias vezes no blog.

Agora com o protesto me libertei dessa sensação de angústia que me atormentava. Demonstrei os motivos da minha inconformidade e denunciei os vícios que maculam a apropriação indébita do BB de metade do nosso superávit, que era nosso por direito e por justiça.

Botei prá fora tudo que tinha sufocado em minha garganta e na minha razão....E fiquei em paz com minha consciência.  Aliviei meu coração dessa carga pesada e, finalmente, como das vezes anteriores, recuperei meu humor e voltei a dormir tranquilo.

Não faço mais parte do bloco dos palhaços, onde me incluía por vontade própria, respeitando, como sempre, a opinião alheia. Falei o que tinha guardado na minha alma, com educação e razoabilidade, como deve ser em Juízo, mas manifestei o meu protesto, cumpri o meu dever de cidadão e de funcionário.

Minha saúde melhorou. Minha pressão finalmente se normalizou. As dores da coluna desapareceram como por encanto. Ah !  Bendito protesto judicial !

Pena que outros, que igualmente sofreram frustração com o episódio do superávit, não tenham se valido do protesto. Apenas cerca de seiscentos, de um universo de mais de oitenta mil, me acompanharam.  Mas seiscentos já são mais do que os trinta do peladaço. Espero que o protesto também represente para eles uma catarse, uma libertação da opressão que todos sentíamos no peito. E, aí, estaremos em condições de seguir adiante em nossa jornada, para a resistência que se impõe e para as conquistas que necessitamos.

DELENDA CARTHAGO - ESTOU ME SENTINDO MUITO MELHOR COM O PROTESTO JUDICIAL - AH !  SE ESTOU ! COMEÇO A AJUIZAR NA QUARTA FEIRA.